O início
Na época pré-colombiana habitava em nossa região o Grupo Tupi Guarany. Isto foi provado pelos fragmentos indígenas achados nas Fazendas deste Município. Foram também descobertos dentes de Dinossauro na Secção Inhuma do Município.
Na época dos Monções, os bandeirantes passaram pelo Rio Tietê que chamavam na época o “Anhembi”, e em busca de índios para escravizar, ouro e pedras preciosas. Os famosos bandeirantes que aqui passaram foram: Irmãos Leme, Pascoal, Moreira Cabral.
O Tietê foi utilizado pelos índios e bandeirantes como via de transporte: a mais importante na época. Os índios aproveitavam o rio como fonte de alimentação devido a abundância de peixes.
Em 1850 o governo Imperial resolveu, por razões estratégicas e políticas, estabelecer a um caminho permanente entre a corte e a Província de Mato Grosso. Assim em 1858 foi criado o Estabelecimento Militar de Itapura, e o núcleo de povoamento no limite das duas províncias, Mato Grosso e São Paulo, para facilitar a comunicação, através da navegação, entre o Império e as Forças Armadas colocadas na fronteira do Paraguay.
Os Primeiros Japoneses
Em julho de 1909, estiveram nesta zona os primeiros japoneses que colaboraram com o desenvolvimento da região, trabalhando na construção da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (N.O.B), da Estação Bacury até Itapura. Vieram para cá 23 famílias da Província de Okinawa- Japão, num total de 57 pessoas, chefiadas pelo intérprete o Sr. Kisyô Ono.
Essas 57 pessoas fazia parte do primeiro grupo de imigrantes que chegaram ao Brasil no dia 18 de Junho de 1908 pelo “ Kassato Maru”, subdividiram-se em dois grupos dirigindo-se para a Fazenda Floresta em Itu, e para a Fazenda Dumont, em Ribeirão Preto, na zona Mogiana. Não resistindo ao baixo salário pago pelas fazendas, essas pessoas decidiram trabalhar na construção da Ferrovia Noroeste do Brasil (N.O.B) que lhe ofereceram melhores salários.
Em 1910 foi concluída parcialmente parte pertencente ao Estado de São Paulo, a Estrada de Ferro Noroeste do Brasil (corria à margem esquerda do Rio Tietê), e a estação de Lussanvira (a porta da nossa cidade no passado) que recebeu as iniciais de quatro engenheiros que construíram essa estrada: Luiz, Sanção, Viriato e Ramos.
Em 1920 o Cel. Jonas Alves de Melo já era dono da Fazenda Tietê (maior parte do nosso município), possuía uma gleba de mais de 48 mil alqueires, essa área constituída de duas fazendas: Urubupungá e Araçatuba (parcial).
Imigração Japonesa
Embora o ano de 1908 seja considerado o marco “zero” da história com a chegada do primeiro contingente de imigrantes ao Brasil, vários japoneses já residiam antes desta data inclusive uma loja da filial Fujisaki funcionava em plena Rua São Bento, em São Paulo.
Acredita-se que o interesse dos japonês pelo Brasil tenha iniciado já na época do nosso Império, porém, os anais registram que o primeiro japonês que visitou o Brasil foi um deputado chamado Massayo Neguishi em 1884, a mando do Ministério do exterior do Japão. Ele percorreu várias localidades nos Estados de Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo durante quarenta dias. De regresso, apresentou seu relatório de observação, assinalando que o Estado de São Paulo seria o local de escolha, num eventual envio de imigrantes japoneses.
O Brasil por sua vez, estava à procura de mão-de-obra no Exterior. Um representante da firma Prado & Jordão esteve no Japão e firmou um contrato particular com uma companhia de imigração japonesa para a vinda de trabalhadores, mas que acabou sem resultado. Somente no ano de 1895, o Brasil firmou o primeiro tratado de Comércio Marítimo com o Japão, e no mesmo ano, um diplomata japonês passou a residir no solo brasileiro.
Em 1897, um representante da Companhia de Imigração Tôyô, chamado Aoki veio ao Brasil, firmando um contrato com Prado & Jordão para o envio de 1500 japoneses que se obrigavam a trabalhar durante alguns anos nos cafezais paulistas. Em vista deste contrato, a Tôyô arregimentou os 1500 imigrantes e a saída do vapor “ Tosa Maru” estava preparado para zarpar no dia 15 de agosto de 1897. No entanto, faltando apenas 4 dias da data marcada a partida, a firma Prado & Jordão informou o rompimento unilateral do contrato, alegando a baixa do café. Na época, tanto o Ministro Oliveira Lima da legação brasileira no Japão, como os dois primeiros ministros representantes japoneses no Brasil, respectativamente Chinda e Ookoshi, não eram favoráveis ao envio de imigrantes japoneses ao Brasil.
Decepcionado talvez, pela atitude da firma brasileira que causou enorme prejuízo e transtornos aos japoneses, o assunto da imigração ao Brasil voltou à baila somente no ano de 1905, quando os grandes jornais Japoneses divulgaram um relatório altamente elogioso em relação ao solo e futuro do Brasil.
O Município de Pereira Barreto
O dia 11 de agosto de 1928 marca oficialmente a fundação de Pereira Barreto, que inicialmente recebeu o nome de Fazenda Tietê.
A história do município esta interligada com a história da imigração japonesa para o Brasil, na segunda década de 1920, mais precisamente em 1927, quando autoridades japonesas realizaram uma reunião em Tóquio, para definir as estratégias de imigração do país para regiões brasileiras.
Tudo começou com a vinda de Shyungoro Wako para administrar a Fazenda Aliança, área adquirida pelos imigrantes japoneses no Brasil. Wako soube que a área da fazenda Tietê estava a venda, e a parti daí, a história da criação de Pereira Barreto começa.
Mitsusada Umetani vem para o Brasil para adquirir outras áreas para serem utilizadas pelos imigrantes japoneses. Depois da Fazenda Aliança, comprada em 1926, foi adquirida a Fazenda Basta (Bastos-SP), em julho de 1928, e um mês depois, a Fazenda Tietê era comprada. Neta época o Brasil vivia a decadência do ciclo econômico do café, principal produto de exportação do país, e necessitava realizar a ocupação das áreas ainda despovoadas e por essa razão o governo brasileiro incentivou a vinda de imigrantes. No Japão, uma crise econômica favoreceu a emigração. A idéia inicial dos imigrantes era vir para o Brasil, trabalhar na lavoura de café, ganhar dinheiro e voltar para o Japão. A realidade do Brasil não era a conhecida pelos imigrantes, que viram muitos cafezais sendo queimados quando chegaram ao país. Mesmo assim, muitos japoneses quiseram fixar-se definitivamente no país, e a partir daí, a compra de grandes áreas foi sugerida pelo governo brasileiro ao Japão. Com isso, começaram as aquisições das fazendas.
A compra da Fazenda Tietê foi realizada antes da criação da BRATAC, por Mitsusada Umetani, que era governador da província de Nagano e que já havia percorrido a região pelo rio Tietê em 1926. A fazenda Tietê foi propriedade do Coronel Jonas Alves de Mello e sua escritura foi transferida para Mitsusada Umetani antes de ser repassada para a BRATAC, criada posteriormente. A fazenda foi administrada inicialmente por Shyungoro Wako, que juntamente com Mitsusada Umetami foram os verdadeiros fundadores de Pereira Barreto.
Em 1927, os doze governadores das províncias japonesas criaram a Federação de Cooperativa da Colonização no Exterior, com o nome de Kaigai Ijuukumiai Rengô Kai, que antecedeu a BRATAC Sociedade colonizadora do Brasil Ltda, registrada no dia 30 de março de 1926, em São Paulo, com o Objetivo de obter o reconhecimento por parte do governo brasileiro para as atividades de colonização, e para que as terras pudessem ser repassadas a uma empresa “brasileira”, por questões legais.
O projeto dos japoneses foi audacioso, com a criação de um loteamento rural com cerca de 1600 lotes de 10 alqueires cada um, além de 03 núcleos urbanos e a criação de toda infra-estrutura necessária para a chegada dos imigrantes.
Como não havia residências na seção União, as primeiras famílias foram alojadas no prédio da BRATAC. Foi necessário desbravar a mata, derrubando árvores e realizando queimadas para limpar o terreno e a madeira obtida era utilizada para a construção de casas e prédios. A BRATAC implantou toda a estrutura necessária para que os imigrantes pudessem preparar o material que seria utilizado na construção dos núcleos urbanos como serraria, olaria entre outros.
Em 1934, a Fazenda Tietê ganhou status de Distrito de Novo Oriente, pertencente ao município de Monte Aprazível, e foi elevada a município em 30 de novembro de 1938, pelo Decreto 9.775, com o nome de Pereira Barreto, em homenagem ao médico e cientista Luis Pereira Barreto. A data de 11 de agosto ficou oficializada como a da fundação porque é o dia do Advogado, e a festa do município começava no dia 09 de agosto, data em que foi realizada a compra do loteamento inicial.
Ponte Novo Oriente (Ponte Velha)
A construção da ponte era uma necessidade, pois viabilizaria a ligação dos núcleos urbanos da Fazenda Tietê à estação de trem de Lussanvira, eliminando o uso da balsa. Iniciada no começo de 1932, a ponte foi projetada por uma empresa do Rio de Janeiro em 1929. O local para contrução foi definido por um engenheiro da BRATAC, Kazuo Nakashima, que escolheu a área devido à formação rochosa de terreno, que foi utilizada para “cravar” as bases da ponte, e pela menor distância entre as margens do Rio Tietê no local.
A sua submersão comoveu os pereirabarretenses, principalmente os imigrantes da colônia japonesa, responsável pela construção dessa importante obra da história de Pereira Barreto.
Ponte Novo Oriente (Ponte Nova)
A “nova” Ponte Novo Oriente de Pereira Barreto, construída sobre o Rio Tietê, possui 2.160 metros de comprimento e substitui a velha ponte Novo Oriente, que foi utilizada desde 1935 como interligação do Município de Pereira Barreto com a cidade de Andradina.
A “nova” ponte foi construída pela Secretaria dos Transportes, D.E.R – Departamento de Rodagem e CESP – Companhia Elétrica de São Paulo. Construída toda em concreto, com dois vãos centrais de 50 metros de largura e 10 metros de altura, o que permite a navegação no Rio Tietê, e denominada também “ Novo Oriente”, a nova ponte satisfaz a uma das mais lídimas reivindicações do município de Pereira Barreto. Isso porque, com a formação do Reservatório da Usina Hidrelétrica de Três Irmãos, a velha deixou de existir desde o dia 29 de outubro de 1990.
Economia Historia da economia de Pereira Barreto.
No inicio da historia de Pereira Barreto na época da Fazenda Tietê (no final da década de 1920 a inicio da 30) a principal atividade econômica era a atividade agrícola e ainda que efêmero, o cultivo do café, o grande astro das exportações brasileiras até então, estava presente na região.
Com a crise do café outras atividades econômicas foram surgindo como a Sericultura (criação do bicho-da-seda) marcou os meados das décadas de 1930 a 40. Pereira Barreto possuía Fabricas de tecidos de seda, com destaque para a fábrica de Risaburo Murai e Hossoi, que empregavam dezenas de funcionários, utilizando a mão-de-obra dos próprios imigrantes.
A cotonicultura, ou cultura do algodão foi o grande destaque das décadas de 1950 a 70. Os destaque desse período foram a firmas BRASMEN, Anderson Clayton, Cooperativa Agrícola da fazenda Tietê e Sambra de Andradina, que beneficiavam o algodão para enviar para as áreas industriais.
A criação de gado (bovinocultura) foi iniciada em meados dos anos 40, e ainda hoje tem destaque regional, com a pecuária de corte e leiteira, com destaques para o confinamento da Fazenda São Joaquim, responsáveis pelo 2º maior rebanho confinado do Brasil, e Fazenda Bonança, além do desenvolvimento de laticínios na região, como o PERLAT. Como existiam muitas granjas na região, o cultivo de milho esteve atrelado á avicultura de postura. Eram aproximadamente 20 granjas na região, o cultivo de milho esteve atrelado á avicultura de postura. Eram aproximadamente 20 granjas, responsáveis por grande produção de ovos, vendidas para várias regiões do Brasil.
Mais uma vez Pereira Barreto passa por uma transformação econômica, com a construção da Usina Interlagos no município, há um fomento no comércio e hoje tem lojas de destaque presente, com Pernambucas e Magazine Luiza, conta também com 06 agências bancárias: Banespa, Banco HSBC, Nossa Caixa, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Bradesco e 02 Casas Lotéricas, uma grande quantidade de hotéis e comércios, para atender sua população e visitantes.
Crise
Durante muito tempo à agropecuária foi responsável pelo vigor da economia de Pereira Barreto, no entanto, há vários anos a situação do município mudou. Agropecuária perdeu espaço e o campo passou a ser utilizado para o plantio de cana de açúcar, que atende a demanda de usinas de açúcar e álcool da região. Outro fator importante foi o início da formação do lago da UHE de Três Irmãos. Com o lago, muitas áreas ficaram submersas, e várias famílias foram relocadas. Duro golpe na agricultura. A economia local sentiu o impacto.
Durante a construção do canal de Pereira Barreto, da Usina e da eclusa de Três Irmãos, as construtoras C.R. Almeida e Andrade Gutierrez contavam centenas de funcionários no município. O comércio se mantinha graças ao dinheiro que eles faziam circular. Havia prosperidade.
O final das obras marcou uma fase melancólica. A cidade precisou assimilar o golpe e redefinir sua postura econômica. Era preciso saber o que ajudaria o município a superar o impacto negativo provocado pelo fim das obras. A prefeitura Municipal arrecadava tributos e recebia os royalties da UHE de Ilha Solteira. A emancipação do antigo distrito Ilhense, em 1992, foi outro duro golpe na economia local. Pereira Barreto perdeu territórios, população e dinheiro. O desmembramento de Susanápolis e Ilha Solteira podem não ter causado a inviabilidade de Pereira Barreto, mas com certeza provocou muitos problemas econômicos para a administração pública.
Turismo
Atualmente, algumas atividades agrárias ainda são percebidas no município. Existem confinamentos em algumas fazendas, como é o caso da Bonanza, da Pecuária Damha, mas ao que parece, a atividade que pode recuperar a economia pereirabarretense é o Turismo.
Pereira Barreto recebeu o título de Estância Turística, graças à lei aprovada pela Assembléia Legislativa, que beneficiou também a vizinha Ilha Solteira. Outras iniciativas na área do desenvolvimento econômico estão sendo implantadas na cidade, como a criação de peixes em tanques-rede, já em fase de comercialização com os frigoríficos de peixes.
Fonte:
www.pereirabarreto.com
www.pereirabarreto.sp.gov.br
- Edição especial da Revista Comemorativa dos 77 anos de Pereira Barreto (Jornal Diário de Fato) ano 2005;
- Livro Pereira Barreto “a Cidade que vi nascer” autor: Jitsunobu Igi (em homenagem ao 50 anos de Pereira Barreto) ano 1978.